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A Liga de Futebol Profissional estima uma diminuição entre 350 e 400 milhões de euros.

A Liga de Futebol Profissional estima uma diminuição entre 350 e 400 milhões de euros.

A Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP) estima uma diminuição entre 350 e 400 milhões de euros nas receitas previsionais imediatas devido à paragem do futebol durante dois meses devido aos efeitos da pandemia da Covid-19. Uma crise que paralisou campeonatos e inviabilizará a repetição dos grandes negócios dos últimos anos na indústria do futebol que representa 0,3% do PIB português.

A Liga e os emblemas dos campeonatos profissionais continuam a tentar encontrar solução para a crise financeira numa altura em que deverá ser hoje proposto ao Governo a retoma dos campeonatos no fim de maio, à porta fechada e que aguardam um Plano Marshall para o futebol que poderá ascender a centenas de milhões de euros através de fundos da FIFA.

“Confirmo essa estimativa”, revelou ao Jornal Económico fonte oficial do organismo presidido por Pedro Proença, dando conta de que a diminuição de receitas diretas tem por base o impacto económico da crise Covid-19 na paragem do futebol profissional em apenas dois meses. Este corte de receitas pode significar um decréscimo de 68% a 78% face aos 512 milhões de euros de valor de receitas operacionais em relação à época 18/19, num setor que conta com mais de quatro mil postos de trabalho diretos.

Em causa está o corte de verbas com direitos televisivos, naquela que é – para a esmagadora maioria – a principal fonte de receitas dos clubes, bem como receitas relativas ao mercado de transferências de verão, que não abrirá a 1 de julho devido à Covid-19. Este deslizamento poderá significará uma perda de avultadas verba. À lista dos impactos nas receitas no sector junta-se ainda a quebra de receitas das competições internacionais, além de todas as outras verbas provenientes da bilhética, merchandising e patrocínios.

Jogos retomam à porta fechada
Em meados de abril, a LPFP enviou uma carta ao Governo a solicitar um conjunto de medidas para minimizar os efeitos da crise do novo coronavírus como a possibilidade de acesso ao lay-off. Para esta sexta-feira, 24 de abril, está previsto a Federação Portuguesa de Futebol apresentar ao Governo um conjunto de propostas para retomar os jogos. A Liga propõe que os jogos arranquem no fim de maio ou início de junho, numa primeira fase à porta fechada.
Ao Jornal Económico, o secretário de Estado do Desporto e da Juventude confirmou que pediu “a todas as federações desportivas que enviassem planos de retoma até esta sexta-feira”, salientando que o objetivo, no âmbito da reabertura gradual da economia, “é não deixar o desporto para trás”. João Paulo Rebelo revela ser “expectável” que “as medidas sejam conhecidas até ao início de maio”, mas não adianta para quando os jogos de futebol poderão ser retomados.
O JE sabe, porém, que os clubes de futebol vão sinalizar que antes do arranque dos jogos precisam de um período de preparação desportiva, pelo menos, de 15 dias. Outras propostas contemplam ainda um conjunto de limitações ao nível do número de participantes em cada jogo mesmo à porta de fechada, bem como outras questões relativas à segurança de jogadores e staff como a obrigatoriedade de apresentarem resultados de testes ao Covid-19 antes de cada partida. A data da retoma do campeonato profissional será decidida pelo Executivo que, no final de abril, dará a conhecer o calendário do desconfinamento que deve avançar de forma gradual, com uma cadência de 15 dias, e setor a setor, evitando a aglomeração de pessoas. Maio e junho devem, assim, ser os “meses de transição para um progressivo desconfinamento, o que não significa voltar à normalidade que só acontecerá houver vacina de uso generalizado e imunização coletiva da sociedade.

Plano Marshall do futebol
A FIFA está a trabalhar num grande plano de ajuda financeira para as organizações de futebol em todo o mundo, perante o impacto económico da pandemia do coronavírus. Tem reservas de 2,5 mil milhões de euros para apoiar ligas e clubes.
A notícia foi avançada no início de abril pela agência Reuters, que apelidou o projeto de “Plano Marshall para o Futebol”, em referência ao pacote de estímulos financeiros que ajudaram a reconstruir a Europa depois da II Guerra Mundial. A injeção milionária poderá assumir a forma de fundo de compensação inicialmente de algumas centenas de milhões de euros, tentando também antecipar verbas futuras de patrocinadores e direitos televisivos, e deverá ser realizada através da UEFA que canalizará os respetivos fundos para as 55 federações nacionais de futebol em toda a Europa. Este novo fundo poderá fornecer empréstimos de curto prazo e subsídios de emergência, de modo a garantir a sobrevivência de muitos clubes e federações.
A organização que tutela o futebol mundial criou já um grupo de trabalho para responder à crise da pandemia da Covid-19, prevendo injeções de dinheiro para ajudar as organizações em maiores dificuldades.