Paulo Nunes, avançado que reforçou o Benfica em 1997/1998, chegou como um grande craque que poderia revolucionar o futebol encarnado nessa época. Depois de ter protagonizado com Jardel uma dupla temível no Grémio.
Porém, na Luz o cenário foi bastante diferente. Em entrevista ao “Mais Futebol”, explicou que a falta de rendimento nos encarnados deveu-se a situação complicada que viveu por diversos incumprimentos contratuais.
«A principal explicação é simples: eu não recebia…», começou por dizer. «Comecei logo por não receber os 20 por cento a que tinha direito na transação (da transferência do Grémio para o Benfica) e depois também não fui recebendo. Fizeram muitas cartas do banco, com promessas, mas dinheiro não vinha. Chegou a uma altura em que nem o meu salário completo recebia. Os direitos de imagem, por exemplo, não recebia».
O futebolista brasileiro confessou que teve de abdicar de metade do salário. Uma vez que Vale e Azevedo, presidente do Benfica na época, explicou que não existiam condições para honrar o compromisso assinado pelo seu antecessor na liderança do clube, Manuel Damásio.
«Podem dizer o que quiserem, mas comigo foi muito honesto. Disse logo: ‘gostava que ficasses mas não posso pagar este salário. O presidente anterior fez uma besteira e não podemos honrar um compromisso destes», contou.
«Tive de abdicar de metade do meu salário e isso deixou-me logo chateado. Tinha um contrato de cinco anos e nem cinco meses depois já queriam mudar tudo. Não aceitei. E o Vale e Azevedo disse logo: ‘podes ficar, mas não vais receber’», acrescentou.
Paulo Nunes também confidenciou que foi multado em 25 mil euros por estar fora de casa de madrugada.
«Talvez tenha sido um erro meu, mas ninguém me explicou direitinho como eram as coisas no Benfica. Ora, parece que não podia estar fora de casa a partir das 22h30 e houve um dia em que fui jantar e fiquei até à 1h30…Cobraram-me uma multa de 25 mil dólares»
Porém, garante que não tinha conhecimento dessa norma e recusou-se a pagar essa multa. «Eles entregavam um regulamento interno aos jogadores mas aquilo era enorme. Sou sincero: nem li, era muita coisa. Mas, quer dizer, eu já não estava a receber e ainda me aplicavam uma multa? Era o que mais faltava. Disse logo que não pagava. Alguém deveria ter-me dito que não poderia estar na rua a partir das 22h30…», completou.