Mais do que falar, como normalmente acontece no desempenho do cargo de treinador, desta vez, Bruno Lage quis ouvir. No âmbito da iniciativa ‘Não Vá. Telefone’, que tem proporcionado a vários adeptos conversas com elementos do plantel de futebol profissional, neste período de quarentena, o técnico do Benfica esteve a falar, por telefone, com o sócio Carlos Dias Costa, 85 anos. Foi a retribuição de Bruno Lage por dedicação apaixonada ao clube, mas também por gesto que há muito tinha sensibilizado o treinador. O técnico dos encarnados acabou por partilhar reflexão do percurso ao serviço do Benfica.
Bruno Lage quis, então, conhecer um pouco da história de Carlos Dias Costa, perguntando-lhe se confirmava que o benfiquismo dele o levava a comprar seis jornais O Benfica, ficando com um e distribuindo os restantes por amigos. «Por isso, é que os jornais do Benfica aumentaram as vendas, já percebi», brincou Lage, conhecedor que Carlos Dias Costa nem sequer pode ler. Por ter um glaucoma e a visão limitada é a mulher dele, Lucília, que lhe lê as novidades. de início ao fim. O amor pelo Benfica de Carlos Dias Costa, antigo jornalista de A BOLA, Jornal de Notícias e RTP, entre outros meios de comunicação, vem de longe.
«O meu pai era lisboeta e grande amigo de Cosme Damião [um dos fundadores do Benfica], do Félix Bermudes, que escreveu a letra para o hino do Benfica, e do Tenente-Coronel Ribeiro dos Reis, que foi um dos fundadores do jornal A BOLA. Conheciam-se e convidaram o meu pai para ser tesoureiro. O meu pai foi tesoureiro uns anos e foi grande amigo desse trio», explicou Carlos Dias Costa, com profundo conhecimento da história das águias, mesmo desconhecendo em que ano entrou Bruno Lage para o Benfica. «Essa era [uma pergunta] difícil. Vou dizer-lhe. Entrei em 2004, fiz um percurso bonito, fiz as equipas quase todas da formação», desabafou Lage.
O treinador continuou. Bruno Lage não esqueceu uma carta e uma lembrança para o filho Jaime que recebeu de Carlos Costa Dias: «Não queria deixar passar esta oportunidade de lhe agradecer a recordação que o meu amigo me enviou, o caderno dos desenhos do Panda, mais uma vez. Queria agradecer-lhe, o Jaime já pintou aquilo duas ou três vezes, vai pintando. E agradecer-lhe esse carinho.»