Com toda a atividade parada, as dúvidas e os medos assolam todos os agentes. Carlos Pereira, presidente do Marítimo, não foge a essas preocupações e não tem dúvidas que caso os clubes não tenham ajuda o futuro será dramático. Não acredita que a Liga termine e diz que será quase impossível atribuir a classificação de aquando da interrupção.
Como é que um presidente de um clube vive uma situação destas em que de um momento para o outro tudo pára?
Nunca estivemos perante esta situação, por isso sentimos quase uma impotência para resolver os problemas perante um inimigo invisível. É uma situação que coloca muita gente numa situação aflitiva. É complicado encontrar soluções.
Sendo difícil, como é que se processa a gestão do Marítimo nesta conjuntura?
Enquanto presidente, tenta-se atenuar e pensar como agir no futuro face às notícias que têm sido divulgadas, e bem, pelas entidades de saúde competentes. A solução passa por aqueles que todos os dias, 24 horas sobre 24 horas, tratam das nossas vidas. Esses é que são os heróis da nossa vida.
Qual a principal preocupação de um presidente de um clube perante uma crise destas?
Saber como resolver os problemas que vão surgir daqui para a frente no dia a dia, como sejam os salários, a circulação dos jogadores, a recuperação das instalações e de tudo aquilo que envolve um clube da dimensão do Marítimo, que tem cerca de 130 funcionários.
O Marítimo vai sofrer um rombo muito grande nas suas finanças?
É um rombo nas finanças do Marítimo e de todos os clubes!
Com que consequências?
Não havendo valores financeiros a entrar, fica muito difícil a gestão. Vai ser um rombo para cima dos três milhões de euros, até porque o Marítimo poderá ver-se privado da transferências dos seus ativos e neste caso já estávamos em negociações com pelo menos dois jogadores.
Sente que alguns clubes vão ter dificuldades em sobreviverem a esta paragem competitiva?
Claro que sim, principalmente se não existir das entidades competentes a preocupação de atenuar os prejuízos de cada um deles, nomeadamente na isenção de taxas do IRS e Segurança Social nos períodos em que não existe atividade, se não se aplicar o fundo de emergência, que por acaso foi proposto por mim, se não houver dispensa do pagamento por conta, se não houver perdão da dívida do Totonegócio, se não houver uma antecipação das receitas do Placard, se não houver uma revisão das multas que atualmente são aplicadas aos clubes. Se não houver a ajuda de todos, Governo, Liga, Federação Portuguesa de Futebol, operadores de televisão, bem como a contribuição do Sindicato dos Jogadores para a redução parcial dos salários, muitos clubes vão ter extremas dificuldades em sobreviver.
Quem vai sofrer mais? Os grandes ou os pequenos clubes?
Claramente os grandes. Os grandes ao longo destes anos foram sempre gastando por conta do que tinham disponível e gastando sobre as garantias dos operadores televisivos e dos fundos, sendo que os fundos não dão nada a ninguém. Vão cobrar na hora certa, sendo que a dificuldade do pagamento será elevada. Não sei se os grandes vão continuar a serem grandes como o são atualmente.