Adrien Silva, médio internacional português do Leicester, recordou, numa extensa entrevista aos ingleses do The Guardian, o processo de transferência do Sporting para o Leicester, no verão passado; sobretudo os 14 segundos de atraso na inscrição do jogador que levaram a FIFA a rejeitar a oficialização da transferência e obrigaram Adrien a atravessar um calvário para voltar a competir.
Adrien começou por recordar quando, em 2015, o Chelsea de José Mourinho o tentou contratar.
«Foi um momento muito estranho e eu era muito novo. Ter um clube dessa dimensão interessado em mim, especialmente com Mourinho a fala comigo… Ele veio a Portugal e nós fomos a Londres, mas depois voltámos e tornou-se num grande problema com o Sporting.
E destacou, sobretudo, o episódio com a FIFA que lhe atrasou a carreira.
«Tive algumas lesões na carreira, mas isso faz parte do futebol e tens de aceitar. Mas esta situação não foi correta. Eu estava fisicamente em condições de jogar e não fiz nada de errado que possa ter provocado esta situação. Nunca vou entender a decisão da FIFA, que manteve mesmo depois do Leicester ter tentado tudo para a mudar. Aqui não há proteção para os jogadores e eles são o mais importante. Porque é que a FIFA não pensou nisso e abriu uma exceção? Ok, se estivéssemos a falar de horas, mas foram segundos. Acho que foi uma decisão muito pobre.»
Depois de fechar negócio, Bruno de Carvalho, líder do leão, deu o assunto por encerrado e lavou as mãos de quaisquer consequências após a nega da FIFA. E o The Guardian perguntou a Adrien se tinha ficado desiludido com a atitude do antigo clube.
«Não com o Sporting. Com o presidente. E isso é diferente. Ele tentou, penso eu, proteger o clube. Mas no futebol é mais importante, quando representas um clube, proteger a pessoa e o jogador.»
Quando se esgotaram as opções, Adrien procurou focar-se: «Tentei colocar bem a cabeça. Treinei sozinho no ginásio e no campo para tentar manter a minha forma física, pois nessa altura não estava autorizado a treinar com a equipa.»
E, agora, surge o Mundial da Rússia no horizonte…
«Está todos os dias na minha cabeça e este foi o pior momento para acontecer o que aconteceu…», confessa Adrien, lembrando, também, o dia em que se sentou pela primeira vez no banco do Leicester: «Passava-me muita coisa pela cabeça, mas pensei: ‘joga apenas futebol’. É a minha paixão e é a coisa mais simples de fazer. Quando entrei, quis comer a relva!»
E, tempo ainda, para recordar os tempos de leão ao peito: «O Sporting fez de mim jogados, mas também um homem. E terá sempre um lugar especial no meu coração.»