Gonzalo Plata, 19 anos, (quase) sozinho em Portugal, longe da família, num momento difícil para todos nós. Mas aquele quase, escrito entre parêntesis, além do natural e importantíssimo apoio do Sporting, faz a diferença para ajudar o extremo leonino por estes dias. Porque esse quase, escrito entre parêntesis, coloca Bryan Jiménez, 25, junto de Gonzalo, o mano mais velho de cinco irmãos a cuidar do mais novo do quinteto, que é o jogador leonino. Dos treinos aos cozinhados, dos passatempos às conversas com a mãe Mónica no Equador, Bryan conta-nos como é a quarentena de um dos jovens mais promissores do emblema verde e branco, aposta certa de Rúben Amorim para a nova temporada, esperança dos adeptos para as vitórias.
Bryan é estudante: está no 1.º ano de Gestão Desportiva na Faculdade de Motricidade Humana de Lisboa. E «a tirar um curso intensivo de português», que as aulas são na nossa língua ou em inglês. Enquanto nos fala, ouve-se o fervilhar do cozinhado que está a preparar. Quem cozinha aí em casa, o irmão mais velho ou o mais novo? «Sou eu», responde Bryan, enquanto prepara o prato do dia. «É um cozinhado típico do Equador, ainda não sei fazer nada português», diz-nos Bryan, esclarecendo o que está combinado com o extremo do leão: «Eu cozinho, ele lava a loiça e limpa [risos].»
Mas é nos treinos que Bryan ajuda o irmão. «Sim, faço exercício com ele, não todo o programa, claro, mas ajudo», conta e explica: «Ele tem uma bateria de exercícios para fazer, tem o plano de treinos do Sporting que está a cumprir à risca.»
O dia a dia de Gonzalo Plata, por esta altura, é mesmo focado para manter a forma. «Faz os exercícios em casa, treina-se sempre antes de almoço e ao final da tarde, antes do jantar, e temos um espaço ao ar livre na parte de trás do apartamento, que usamos para outro tipo de trabalho, com bola», conta-nos Bryan Jiménez, fazendo uma confissão, que mostra bem o que mais tem feito falta ao jogador do Sporting: isso mesmo, a bola. «O Gonzalo até acorda para ir jogar futebol com as paredes», revela o irmão mais velho.
E é a família, à distância, que mais preocupa os manos e eles a mãe, lá no Equador. «Também não está fácil a situação no nosso país», desabafa Bryan – eram, ao início da noite, 506 casos de Covid-19 e sete mortos. «Falamos com a nossa família e a mãe está sempre a avisar-nos: ‘fiquem em casa, não saiam e tomem vitamina C’. Nós também estamos preocupados com eles lá longe. Aqui temos de nos apoiar um ao outro e eu ajudo-o, como irmão mais velho», garante, como que a deixar mensagem de segurança para os sportinguistas, ou não fosse Gonzalo Plata uma das maiores apostas para o que falta de temporada – jogue-se ela quando for – e também para a época 2020/2021.